terça-feira, 15 de maio de 2007

Ainda Sexta-Feira passada e as Vans

As vans… lá está um bom tema de conversa.
As vans são mini-autocarros ou maxi-taxis que pululam nesta cidade, que cumprem determinadas rotas, rotas variadas, das quais apenas se conhece o ponto de partida e o de chegada, sendo os intermédios ditados pelas necessidades dos fregueses. Há-as mais ou menos legais e as totalmente ilegais, penso eu! Aquelas que eu acho que são mais ou menos legais são as que têm anunciados os pontos de partida e os de chegada, têm um número de telefone para reclamações e param em sítios mais ou menos pré-determinados. As outras, as que eu acho que são totalmente ilegais… vão passando por todo o lado, têm um angariador, perigosamente pendurado numa porta de correr que o pode guilhotinar numa qualquer travagem mais brusca, que vai gritando (ou falando mais baixo se a zona é de movimento e vigiada): “P’rá Copa, Ipanema, Vidigal, não tem lugar sentado mas saem 4 na Bolívar!”, “P’ro Leme!”, nas quais se paga os mesmos 2 reais que num autocarro (ai, os autocarros, outro pano para muita manga!), e se pode usufruir de uma condução menos brusca que a dos senhores dos ônibus. Nessa sexta, tomámos então a van em direcção ao Leme, para andarmos o resto até à Comunidade no morro Chapéu Mangueira. Ao sairmos da van, a angariadora desejou-nos “bom fim-de-semana e boa sorte, vai com Deus querida”, e lá fomos as 4 subindo ligeirinhas pela ladeira, acompanhadas de uma chuvinha intermitente. Depois de subirmos, subirmos, subirmos… chegámos! Chegámos ao local de encontro nesta comunidade do projecto “Ana e Maria”. Trata-se de uma iniciativa do Viva Rio, que eu, sinceramente também ainda não sei muito bem o que é, mas penso que seja um departamento da Prefeitura virado para a assistência à população… tenho de ir ver! O “Ana e Maria” é como um ATL que recebe grávidas adolescentes, ou mesmo não-grávidas mas adolescentes, ou mesmo namorados ou até não namorados, miúdos que simplesmente preferem passar o tempo ali em vez de o passarem na rua. Ali discute-se sobre tudo o que tenha a ver com a vida, sobretudo (outro, mas pegado) sobre a sexualidade, a prevenção, o que se supõe que pudessem ser as nossas aulas de educação sexual, se alguma vez avançarem. É um espaço de abrigo e aconselhamento, mas também de aprendizagem, um projecto que cativou alguns fiéis, daqueles que quase nunca faltam aos encontros. As “Anas” são as orientadoras e as “Marias” as adolescentes. Um dos que nunca faltam é o Felipe, 14 anos feitos nessa semana e celebrados nesse dia, que reivindica que o projecto devia incluir “Josés”! A Borboleta estava a trabalhar neste projecto, e naquela sexta-feira foi também a festinha da sua despedida. Houve muita comida (pastelzinho, bolo de brigadeiro, por aí fora), bebida (tudo refrigerante), e pessoas a vir de comunidades bem distantes, algumas com filhos de meses ao colo tendo tido que apanhar não sei quantos autocarros só para se despedirem. Lá estavam representantes das comunidades da Maré, Pavão-Pavãozinho, Cantagalo, pelo menos. Para além da comida houve dança, discussão, sessão de perguntas e respostas às 4 Portuguesinhas sobre se em Portugal se ouve funk, qual a nossa comida Brasileira preferida e o que é que se come em Portugal (“Bacalhau? Blerrrc!”), sobre se temos namorado, sobre o que é que há lá do Brasil, sobre se as Havaianas são muito caras lá, por aí fora.

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