quarta-feira, 20 de junho de 2007

37 ou uma tentativa de homenagem que resultou um tudo-nadinha apatetada

Desde há uns anos que o dia 21 de Junho tem um significado especial para mim. Bom, se for a esmiuçar bem, na verdade há uns 26 anos que o dia 21 de Junho tem um significado especial para mim.
Não é só porque é o solstício, o dia mais longo do ano, o início do Verão (Ai, o Verão! …), mas também há uns anos significava o quase finalzinho da escola, o só faltarem 3 dias para o São João, por aí. A título de exemplo, foi num dia 21 de Junho, há três anos, que ficámos a saber que a Cuncunca vinha a caminho. Muito especial!
Mas, na verdade, se for a esmiuçar mesmo, mesmo bem são 37 os anos há que o dia 21 de Junho tem um significado especial para mim. Bem sei que neste dia, há estes anos todos, os átomos que sou eu ainda nem sequer se tinham encontrado à esquina, esquina nenhuma, mas mesmo assim!
Pois foi neste dia, há (já se adivinha) 37, isto é trinta e sete anos! que os meus Pais se casaram na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa.
Esta é a parte em que eu devia ser acometida de uma verve maravilhosa e poética para homenagear devidamente este feito e os seus executantes. Mas não aconteceu. Eu esperei, esperei, esperei um bom bocadinho em frente ao ecrã, mas nada. Só o tracinho cintilante à espera. É como a epifania que eu esperava ter nas areias de Copacabana… até agora nada! Só a confirmação de que um sítio onde se está mesmo, mesmo bem é na praia.
Por isso, e como sou super-fã do Duo Magnífico formado pela minha Mãe e pelo meu Pai, arrisco-me a deixar mais um post lamechas, onde digo que “gosto deles assim (os dedos indicadores fazem um movimento de translação e rotação, será?, a indicarem o infinito)”, onde digo obrigada, e onde reproduzo (direitos reservados!) a verve poética (aqui sim) de um romântico da nossa praça, que, aqui há uns anos, escreveu esta (aparentemente simples) quadra e dela retirou dividendos para muitos anos (e inspirou muitos outros românticos menos inspirados pelo caminho).
Aqui vai:

“O Mundo dá tantas voltas,
tantas voltas sem ter fim!
Quem me dera que numa delas,
tu viesses para mim!”


… Mas se for a esmiuçar mesmo, mesmo, mesmo bem, descubro que o dia 15, do mês de Agosto do ano de 1967 é que é verdadeiramente o início disto tudo, e que na altura os átomos que sou eu ainda andavam em continentes diferentes (será possível que eu já andasse a viajar antes de ser? Será que passei pela praia de Copacabana? Pelo deserto do Saara? Por Macau?) …
OK, OK, vou parar por aqui, esta história fica para outro dia, mas, aviso que continuando nesta linha de pensamento, qualquer dia os que ainda não sabem descobrem o porquê deste nome para o blog! (é o chamado teaser para manter ou despertar ou mesmo ressuscitar o interesse nestas narrativas).
Viva o dia 21 de Junho!
Parabéns Tutsis!

domingo, 17 de junho de 2007

Por este Rio acima...

Não é por falta de assunto que este blog tem estado de pousio.
É apenas o fim da estadia Carioca a aproximar-se e a consequente intesificação de programas.
São as Festas Juninas, os passeios aos sítios que ainda não foram visitados e têm absolutamente de ser, a melhoria do tempo que permitiu o regresso às areias e águas de Copacabana (aparentemente imprópria para banhos, mas quem resistiu à água da foz do Rio das Pérolas desde a meninice resiste a quase tudo, ou não? – já agora, quem me dera que o nosso quase-Inverno fosse assim quentinho!), a assistência a aulas de cinema na comunidade de Tavares Bastos… o trabalho, isso, o trabalho!, e por aí fora.
Quanto a estas aulas de cinema a que temos vindo a assistir (eu e a Marizilda ou Libelinha, a minha comparsa nestes últimos dias de malandragem e ginga), a história é longa mas merece um pouco de dedicação.
A Tavares Bastos é uma comunidade, uma favela comum nesta cidade, não fosse a história de sucesso que tem. De formas variadas, ainda não percebi bem qual é que é a definitiva e verdadeira (talvez sejam todas!) ali conseguiu dominar-se o tráfico de droga e assim tornar esta vizinhança num verdadeiro bairro, tão tranquilo que é escolhido para cenário de novelas e… do próximo filme do Incrível Hulk!!! É o máximo!
(Se tiverem acesso à TV Record, parece que parte de uma das novelas transmitidas é gravada lá.)
Há umas semanas, numa insuspeita sexta-feira, decidimos ir ao Bob – uma colega de trabalho falou-nos deste senhor Inglês, morador na Tavares Bastos que abre a sua casa (abre mediante o pagamento de alguns reais, claro) de quinze em quinze dias a quem quiser por lá passar para ouvir sessões meio improvisadas de jazz ou bossa nova, comer um churrasco e apreciar uma vista magnífica da Baía de Guanabara e Pão de Açúcar.
Assim sendo lá fomos nós três (nessa altura ainda na companhia da nossa Sininho-Joaninha) meio receosas mas cheias de determinação à procura da casa do tal Bob (tenho de enriquecer a narrativa, mas a verdade é que a ida, o caminho e a chegada lá foram tão tranquilas quanto… sei lá, algo muito tranquilo – o sono da minha Sobrinha ou uma tarde de Verão na terra do meu Pai, por exemplo)…

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Cuncunca

Atenção, aviso à navegação internético-blóguica: só me apercebi da lamechice deste post depois de o ter escrito. No fim já não tive paciência de o deslamechar. Desculpem!

Cuncunca é o feminino de cuncunco.
Cuncunco é a palavra que a Carolina arranjou para designar tudo o que não sabe o que é, ou tudo o que o sono e a falta de paciência a fazem não saber o que é.
Cuncunco isto, cuncunco aquilo.
Cuncunca é um dos nomes que eu lhe chamo, que a sua falange de apoio e fãs lhe chama. Um dos, porque há muitos, muitos outros nominhos para a minha Sobrinha.
Como hoje é o dia da Criança, (pelo menos aí, cá celebra-se a 12 de Outubro – fiquei hoje a saber), não queria deixar passá-lo em branco, mas na verdade o que eu tenho para dizer é um pouco ao jeito de Carolina com sono… “cuncunco!”
Este cuncunco não é bem de quem não quer dizer nada, mas de quem quer dizer alguma coisa, mas não consegue saber bem o quê.
Que hoje já estive no Pavãozinho a fazer chuva de papel, a cantar a Baleia que é amiga da Sereia, a fazer o Burrinho que vai para a feira, a fazer de elevador, a dar almoço, a dar as mãos numa prece (uma coisa que foi um bocado bizarra, meteu lágrimas e tudo – mas não da minha parte, por uma vez na vida!), a fazer muitas coisas.
Que hoje, em conversa com as minhas irmãs, já nos lembrámos da Pequenina McCann, do Rui Pedro e de tantas outras crianças a quem não deixaram deixar rasto.
Que hoje e em vários outros dias passei no passeio por miúdos infímos, que se enrolam nas camisolas para poderem dormir, que a dormir dão dó, que acordados são o cartão postal de alguma da violência que dá fama a esta cidade.
Que hoje, como em todos os dias desde há quase 3 anos, tenho uma criança perto de mim, comigo, a lembrar-me sempre e a assombrar-me com a maravilha constante que a Vida pode ser.
Não há nenhuma conclusão especial para isto tudo, excepto que hoje de várias formas já passei por muitas camadas do que é o Mundo. As crianças no Mundo.
Desculpem o momento, mais parece a prece em que fui induzida (em erro, totalmente!) hoje de manhã.
De qualquer forma, só quero deixar beijinhos para as minhas crianças, (são sobretudo primos!), e um beijinho do tamanho do Amor que sinto pela Carolina à Pulita Laranjita, à Nani, à Piki, que, calha bem!, são todas uma e a mesma, a minha Sobrinha Cuncunca!
Bauuu! Bauuu! Bauuu! (é um sino a tocar de felicidade, tal como os da Basílica da Estrela tocaram no dia em que ela nasceu!)