quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Palavras favoritas: commute

Da extensa lista (nunca redigida mas bem clara na minha mente) que tenho de palavras favoritas, commute está num dos lugares cimeiros.
As palavras favoritas entram na minha lista pelas mais variadas razões, que não têm exclusivamente a ver com os significados que estão por detrás das portas que são as suas letras e sílabas. A sua fonia, o estrambólico (outra favorita!) da sua estrutura em relação ao seu significado, ou mesmo apenas as memórias que evocam são outras razões. No entanto, no caso presente, é sobretudo o seu significado que eleva commute a palavra favorita.
Não creio que exista em português uma palavra que englobe de semelhante forma o significado da inglesa commute: a viagem ou caminho que se perfaz, de forma regular, entre a casa e o trabalho e vice-versa.
Tanta da nossa vida e o que nela acontece é passada e tem origem nesta acção, que esta se torna realmente digna de ter uma palavra só sua. Quando penso na forma como comecei a tornar os vários sítios por onde tenho passado um bocadinho mais meus (e, no processo, tornando-me eu um bocadinho mais deles), esta aclimatização está invariavelmente ligada ao caminho entre a casa e o trabalho, e ao seu regresso.
É sobre estes caminhos, e das pessoas e aventuras que neles encontrei, que espero continuar a escrever em breve.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

terça-feira, 3 de março de 2009

Just my luck!

Aventuro-me numa saída à rua e enfrento o dia vampiresco que está de Inverno para ir fazer recadinhos. 
Comprar pão, carregar o gás, enviar mais duas candidaturas para empregos que nada tem a ver com os seis anos de faculdade+muitas directas por que passei. 
As candidaturas em si tem o que se lhes diga, páginas várias de informação pessoal, dir-se-ia que me estou a candidatar a segurança pessoal da Rainha! 
Depois, a carta de candidatura, explicar porque é que acho que me devem escolher a mim para o trabalho, isto tudo envolto se possível num discurso cheio de entusiasmo e que transpire vontade de aprender+eficácia+podem-confiar-em-mim.
É um processo chato e comprido que ainda tem de se confrontar com a fila no posto dos correios.
Finalmente, selinhos colados, tudo bem apertado na mão para nada voar com o vento, marco de correio à vista.
Sou capaz de me ter distraído um micro-segundo. Só sei que da vez seguinte que olhei estava uma das cartas a raspar na ranhura do marco, já em queda artística e livre para se juntar às suas irmãs, e o seu selo a soltar-se, ficando preso na dita ranhura. Bolas!

Será um sinal?

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Vai enfrentar?

Uma certa e determinada pessoa  tem vindo, desde ja ha algum tempo, a desafiar-me para reactivar este pulo. 
Porque e que ele entrou neste estado de dormencia? Nao sei explicar!
Mas esta visto que e aqui necessario um bom desbloqueador de conversa, um que tenha capacidade de desbloquear esta conversa que esta, va, bloqueada (!) ha ja bastante tempo.
O tempo, particularmente o Londrino visto por um estrangeiro, e sempre um optimo topico mas eu vou inovar.
Sendo assim decidi aceitar o mais recente desafio
E pronto, chega de links que a senhora RR ainda se zanga comigo!
Entao a corrente continua, vou contar 9 historias sobre mim sendo que 3 delas sao mentira.
Depois desafio outras 9 pessoas a continuar a corrente, o que vai ser dificil porque acho que nao conheco 9 pessoas na blogosfera que ainda nao tenham sido desafiadas. E quem esta desse lado tenta adivinhar quais sao as mentiras e, passado algum tempo, que se espera que nao seja para cima de ano e meio, eu revelo as respostas.
Sem mais delongas, aqui vai:

1) Ja fui dada como desaparecida;

2) Antes de fazer o meu baptismo de asa-delta perguntei ao instrutor que reaccoes estranhas e que os seus instruendos ja tinham tido em pleno voo. Ele respondeu que ja tinha assistido a tudo. 
"Tudo?"
"Tudo!"
Nao me deixei amedrontar e voei. E tambem desmaiei.

3) Ja fui ameacada por uma profissional da industria do sexo, daquelas com endereco laboral nas matas de Monsanto;

4) Antes de fazer 10 anos ja tinha varios cabelos brancos;

5) Tenho panico de montanhas-russas e geringoncas afins;

6) Ja fui a uma despedida de solteira que consistiu na visualizacao de um show de travestis, onde todas as piadas e todas as cancoes foram ditas e cantadas em hebraico;

7) No espaco de um ano tive 3 inundacoes em casa.

8) Dei um sermao a um meliante em pleno assalto;

9) Tenho orgaos a mais - em vez de um, tenho dois bacos.

Ja esta! Facam um exercicio de imaginacao e coloquem a pontuacao que falta, que eu ainda nao a encontrei neste teclado!

segunda-feira, 16 de julho de 2007

"Trabajo de vivir"

Encontrei este artigo (escrito por Guillermo Etcheverry na sua crónica "Reflexiones") numa revista (La Nacion Revista - 3 de junho de 2007) que a minha irmã tinha lá por casa, em Buenos Aires.
Já há alguns dias que o queria partilhar aqui, com os distraídos como eu que deixaram passar ao lado esta experiência.
Entretanto, na revista Piauí (brasileira) encontrei um artigo ainda mais concentrado no assunto, mas ficava mal estar no meio da Livraria da Travessa a transcrever palavra por palavra as (acho que) 2 páginas A3 do artigo.
Aqui vai:

"El joven buscó un sitio adecuado en el rincón de una concurrida
estácion del subte de Washington, la apital de los EE.UU. Eran casi
las ocho de una cruda mañana invernal de enero passado. Inadvertido
para la multitud que caminaba velozmente tratando de superar la
aglomeración matinal, extrajo su violín del estuche, que colocó
abierto frente a sí, luego de deslizar subrepticiamente en él algún
dinero. Y comenzó a hacer música.
El joven no era un músico callejero común, su violín no era un
instrumiento cualquiera y las obras que ejecutaba no eran sencillas.
Se trataba de Joshua Bell, uno de los más destacados violinistas del
mundo, su violín era un Stradivarius de 1710 - valuado en más de tres
milliones de dólares - y atacó con la Chacona de la Partita nº2 de
Bach. Otro gran músico, Johannes Brahms, alguna vez confesó: "Si yo
sólo imaginara haber creado esa música o tan solo la hubiera pensado,
esto seguro de que la excitación y la conmoción que habría
experimentado hubiesen bastado para enloquecerme"
El sonido inudaba la estación, cuya acústica era sorprendentemente muy
adecuada, y la magistral arquitecturasonora de Bach se adueño
rápidamente del ámbito. No pasaba inadvertida. Cómo reaccionarían los
transeúntes? En un contextobanal y en un momento inoportuno, tendría
la belleza capacidad para trascender? Esos interrogantes eran
precisamente los que buscaba responder la experiencia de la que la
situación descripta formaba parte, organizada por el matutino The
Washington Post. Previendo que Bell sería reconocido - pocas semanas
después habría de recibir el premio al mejor músico clásico de los
EE.UU. - se organizaran estrategias para contener la multitud.
Jamás se reunió muchedumbre. Quienes caminaban ante Bell le
dispensaban, en el mejor de los casos, una mirada esquiva; la mayoría
lo ignoraba. durante los 45 minutos, pasaron frente a él 1097
personas, siete se detuvieron y recaudó 32,17 dólares.
El análisis de tan apasionante experiencia ha generado debates en todo
el mundo. Resulta interesante destacar dos aspectos. Muchos eran los
jóvenes que caminaban frente al violinista conaudífonos, escuchando su
própria música. La difusíon de la tecnología, em muchos casos, limita
en vez de expandir nuestra experiencia de la realidad: escuchamos lo
ya conocido, recibimos las noticias de quienes pensan como nosotros,
nos vamos cerrando los demás y a vivencias que nos son desconocidas.
Si ante tan inesperado y generoso ofrecimiento de lo mejor, caminamos
ciegos y sordos, qué otras cosas nos estaremos perdiendo?, se pregunta
Gene Weingarten, el periodista que relata esta experiencia en un bello
artículotitulado Perlas antes del desayuno. Evoca a este respectounas
estrofas del poeta W. H. Davies "Qué es esta vida si, atrapados por
ansiedades/ carecemos del tiempo para deternos y contemplar?"
El otro aspecto para destacar es qeu, entre las escasas personas que
se interesaban por Bell, la mayoría eran niños. Que ni siquiera
llegaban a detenerse porque eran arrastados por sus mayores para que
no perdieran tiempo. El poeta Billy Collins señaló que los niños nacen
con un conocimiento y una apreciación innatos de la poesía, dones que
la vida les va quitando lentamente.
Posiblemente lo mismo suceda con la música.
Tal vez una de las más importantes conclusiones de esta aleccionadora
experiencia sea precisamente la necesidad de preservar para los niños
ese contacto directo con la realidad. En este caso, con la realidad de
una música de la que alguien ha dicho que "no hace nada menos que
demonstrarles a los seres humanos por qué vale la pena tomarse el
trabajo de vivir". "

quarta-feira, 20 de junho de 2007

37 ou uma tentativa de homenagem que resultou um tudo-nadinha apatetada

Desde há uns anos que o dia 21 de Junho tem um significado especial para mim. Bom, se for a esmiuçar bem, na verdade há uns 26 anos que o dia 21 de Junho tem um significado especial para mim.
Não é só porque é o solstício, o dia mais longo do ano, o início do Verão (Ai, o Verão! …), mas também há uns anos significava o quase finalzinho da escola, o só faltarem 3 dias para o São João, por aí. A título de exemplo, foi num dia 21 de Junho, há três anos, que ficámos a saber que a Cuncunca vinha a caminho. Muito especial!
Mas, na verdade, se for a esmiuçar mesmo, mesmo bem são 37 os anos há que o dia 21 de Junho tem um significado especial para mim. Bem sei que neste dia, há estes anos todos, os átomos que sou eu ainda nem sequer se tinham encontrado à esquina, esquina nenhuma, mas mesmo assim!
Pois foi neste dia, há (já se adivinha) 37, isto é trinta e sete anos! que os meus Pais se casaram na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa.
Esta é a parte em que eu devia ser acometida de uma verve maravilhosa e poética para homenagear devidamente este feito e os seus executantes. Mas não aconteceu. Eu esperei, esperei, esperei um bom bocadinho em frente ao ecrã, mas nada. Só o tracinho cintilante à espera. É como a epifania que eu esperava ter nas areias de Copacabana… até agora nada! Só a confirmação de que um sítio onde se está mesmo, mesmo bem é na praia.
Por isso, e como sou super-fã do Duo Magnífico formado pela minha Mãe e pelo meu Pai, arrisco-me a deixar mais um post lamechas, onde digo que “gosto deles assim (os dedos indicadores fazem um movimento de translação e rotação, será?, a indicarem o infinito)”, onde digo obrigada, e onde reproduzo (direitos reservados!) a verve poética (aqui sim) de um romântico da nossa praça, que, aqui há uns anos, escreveu esta (aparentemente simples) quadra e dela retirou dividendos para muitos anos (e inspirou muitos outros românticos menos inspirados pelo caminho).
Aqui vai:

“O Mundo dá tantas voltas,
tantas voltas sem ter fim!
Quem me dera que numa delas,
tu viesses para mim!”


… Mas se for a esmiuçar mesmo, mesmo, mesmo bem, descubro que o dia 15, do mês de Agosto do ano de 1967 é que é verdadeiramente o início disto tudo, e que na altura os átomos que sou eu ainda andavam em continentes diferentes (será possível que eu já andasse a viajar antes de ser? Será que passei pela praia de Copacabana? Pelo deserto do Saara? Por Macau?) …
OK, OK, vou parar por aqui, esta história fica para outro dia, mas, aviso que continuando nesta linha de pensamento, qualquer dia os que ainda não sabem descobrem o porquê deste nome para o blog! (é o chamado teaser para manter ou despertar ou mesmo ressuscitar o interesse nestas narrativas).
Viva o dia 21 de Junho!
Parabéns Tutsis!

domingo, 17 de junho de 2007

Por este Rio acima...

Não é por falta de assunto que este blog tem estado de pousio.
É apenas o fim da estadia Carioca a aproximar-se e a consequente intesificação de programas.
São as Festas Juninas, os passeios aos sítios que ainda não foram visitados e têm absolutamente de ser, a melhoria do tempo que permitiu o regresso às areias e águas de Copacabana (aparentemente imprópria para banhos, mas quem resistiu à água da foz do Rio das Pérolas desde a meninice resiste a quase tudo, ou não? – já agora, quem me dera que o nosso quase-Inverno fosse assim quentinho!), a assistência a aulas de cinema na comunidade de Tavares Bastos… o trabalho, isso, o trabalho!, e por aí fora.
Quanto a estas aulas de cinema a que temos vindo a assistir (eu e a Marizilda ou Libelinha, a minha comparsa nestes últimos dias de malandragem e ginga), a história é longa mas merece um pouco de dedicação.
A Tavares Bastos é uma comunidade, uma favela comum nesta cidade, não fosse a história de sucesso que tem. De formas variadas, ainda não percebi bem qual é que é a definitiva e verdadeira (talvez sejam todas!) ali conseguiu dominar-se o tráfico de droga e assim tornar esta vizinhança num verdadeiro bairro, tão tranquilo que é escolhido para cenário de novelas e… do próximo filme do Incrível Hulk!!! É o máximo!
(Se tiverem acesso à TV Record, parece que parte de uma das novelas transmitidas é gravada lá.)
Há umas semanas, numa insuspeita sexta-feira, decidimos ir ao Bob – uma colega de trabalho falou-nos deste senhor Inglês, morador na Tavares Bastos que abre a sua casa (abre mediante o pagamento de alguns reais, claro) de quinze em quinze dias a quem quiser por lá passar para ouvir sessões meio improvisadas de jazz ou bossa nova, comer um churrasco e apreciar uma vista magnífica da Baía de Guanabara e Pão de Açúcar.
Assim sendo lá fomos nós três (nessa altura ainda na companhia da nossa Sininho-Joaninha) meio receosas mas cheias de determinação à procura da casa do tal Bob (tenho de enriquecer a narrativa, mas a verdade é que a ida, o caminho e a chegada lá foram tão tranquilas quanto… sei lá, algo muito tranquilo – o sono da minha Sobrinha ou uma tarde de Verão na terra do meu Pai, por exemplo)…